segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Investigação do caso Rei Gnob

Hoje apresento uma investigação sobre o caso do rei Gnob. 


Tânia Ramos – 1ª desaparecida em Junho de 2008 – 27 anos – namorada do Ivo Delgado          
Ivo Delgado – 2º desaparecido em Julho de 2008 – 22 anos
Joana Correia – 3ª desaparecida em Março de 2010 – 16 anos (menor de idade)

A investigação da Policia Judiciária foi para o terreno em Março de 2010, pelo facto dos dois primeiros desaparecidos serem maiores de idade e supostamente terem desaparecido de casa por vontade própria, pois os pais receberam mensagens a dizer que os respectivos filhos se encontravam em Espanha e França a trabalhar e que estavam bem.

No terceiro desaparecimento, a situação foi diferente, porque desde logo, a jovem em causa era menor de idade e já era coincidência a mais ser a terceira pessoa a desaparecer na mesma área num espaço de dois anos. Os pais suspeitaram que não estavam perante um simples desaparecimento, porque a escrita utilizada nas mensagens enviadas alguns dias depois do seu desaparecimento não correspondia à escrita da filha. De imediato participaram o desaparecimento à polícia.

O suspeito, de seu nome Francisco Leitão tem 42 anos, é uma pessoa excêntrica e esotérica mas tida pelos vizinhos como pacata e prestável, sempre pronto a ajudar os outros. Encontra-se divorciado e tem uma filha de 4 anos. Vive na região da Carqueja, concelho da Lourinha, numa casa que aparenta ser um palácio. Todas as entradas e saídas são vigiadas por 6 câmaras de vigilância. Sucateiro de profissão, negócio este herdado pelo pai. Desloca-se com frequência a Espanha. Na Carqueja, é conhecido por Chiquinho. É um amante da Internet, onde passa horas a fio a colocar os vídeos da sua autoria onde contrasta a sua excentricidade com o seu dia-a-dia. Tem cadastro por fraude fiscal e fuga ao fisco na ordem de um milhão de euros. Já foi inquirido anteriormente pela Policia Judiciária num caso de pedofilia e num outro de incêndio urbano. Faz-se acompanhar sempre de jovens e inclusive leva-os a discotecas e outros espaços de diversão nocturna. Apelida-se “Rei dos Gnomos” e “ Filho de Lúcifer”. Diz ser capaz de prever o fim do mundo e desafiar as leis da Natureza. O suspeito mora a 20 km de distância da Joana Correia, última jovem a desaparecer.

O motivo para os crimes foi passional. Pelo que se terá averiguado, o suspeito tem orientação homossexual. Gostava do Ivo Delgado que por sua vez, namorava com Tânia Ramos e ciúmes terão levado a fazer desaparecer e posteriormente assassinado a Tânia Ramos (desaparecida desde Junho de 2008) e posteriormente Ivo Delgado (desaparecido desde Julho de 2008).

Quanto, à terceira jovem desaparecida não é possível até ao momento esboçar a cronologia dos factos.
Sabe-se apenas que conheceu o suspeito, Francisco Leitão por intermédio de uma amiga, Ana Silva. No dia do desaparecimento, o suspeito foi busca-la a casa e disse-lhe que a tinha ido buscar para ela fazer uma surpresa ao seu suposto namorado. Desde então, desapareceu sem deixar rasto.

O suspeito fez uma grande encenação: ao ponto de enviar mensagens dos telemóveis das vítimas para os familiares a dizer que estava tudo bem e que o Ivo encontrava-se em Espanha a trabalhar no negócio da sucata do Francisco Leitão e que a Joana se encontrava em França a trabalhar num bar. As mensagens encobriram o desaparecimento. O suspeito esteve na casa das vítimas alguns dias depois de elas terem desaparecido para “auxiliar” nas buscas.
O suspeito foi durante dois anos buscar comida e dinheiro à casa dos familiares dos desaparecidos para levar supostamente às vítimas a trabalhar no estrangeiro. Nunca os familiares conseguiram falar com o Ivo que trabalhava em Espanha, porque a investigação policial aponta no sentido do Ivo já ter sido assassinado nessa altura e para não levantar suspeitas, levou um tio a Espanha para ver o sobrinho, mas chegando a uma rotunda disse e passo a citar:” Olha, já não vai ser possível ver o Ivo, ele passou agora mesmo naquela carrinha, tu não o viste, mas ele viu-te a ti”.    
Testemunhas ouvidas pela Policia Judiciária disseram ter visto Joana Correia a entrar no carro do Francisco Leitão na noite do desaparecimento. As mesmas testemunhas revelaram ainda que o carro nessa noite estava cheio de jovens.

Relativamente aos corpos dos três desaparecidos, não foram encontrados até ao momento. Nas buscas feitas pela Policia Cientifica na casa do suspeito, não foram encontrados vestígios da presença dos corpos. A investigação segue a linha que indica que o suspeito assassinou as três pessoas e muito provavelmente terá ocultado os cadáveres por esquartejamento ou terá enterrado as vítimas.
Durante o interrogatório da PJ (20/07/2010), o suspeito remeteu-se ao silêncio durante mais de cinco horas, optando pela estratégia de não falar. Já no Tribunal de Torres Vedras (21/07/2010), pediu um advogado oficioso e aconselhado pelo advogado começou a falar perante o juiz de instrução criminal que o começou a ouvir a partir das 18.00 e que suspendeu o interrogatório por volta das 20.45.
Continuou a ser ouvido no dia seguinte durante uma hora e meia. Terminado o interrogatório e por volta das 15:00, o juiz anunciou a medida de coacção já esperada: prisão preventiva.   

O suspeito deu informações contraditórias ao juiz de instrução criminal e não deu nenhuma informação sobre o local onde terá enterrado as três vítimas.
A prioridade da Policia Judiciária é encontrar os corpos das vítimas, mas para isso têm de descobrir o local onde os corpos foram enterrados.
Em curso, esteve uma inspecção à casa do suspeito e seus arredores para tentar descobrir vestígios da presença dos corpos. A casa é composta por inúmeros armazéns de pequenas dimensões, montes de lixo e entulho e animais que andam livremente na propriedade, circunstâncias que dificultaram o trabalho dos investigadores.
A investigação centrou-se no triângulo: Torres Vedras – Peniche – Lourinhã
Nos arredores do palácio, a PJ já passou a pente fino um pinhal que se localiza nas proximidades, mas não foram encontrados quaisquer vestígios.

A PJ admitiu a possibilidade de haver mais vítimas ligadas ao suspeito em anos transactos, ao longo dos últimos dez anos.
Para verificar a existência de mais vítimas ou não, a PJ investigou todas as pessoas desaparecidas na mesma área. Infelizmente as suspeitas confirmaram-se. As investigações policiais apontam para a existência de mais três vítimas alegadamente assassinadas pelo suspeito. Trata-se de um idoso conhecido por "Pisa-Lagartos" que desapareceu sem deixar rasto em 1995 e de dois jovens que habitualmente frequentavam o castelo e que também nunca mais foram vistos. Relativamente ao caso do idoso, aquando do seu desaparecimento, o tribunal declarou a sua morte presumida.

Peniche é neste momento um dos locais onde decorrem diligências, por causa de um vídeo colocado na Internet pelo suspeito, gravado num cemitério, em que o suspeito está a dançar em cima de uma jazigo e poderá ter sido o local onde as vitimas depois de assassinadas foram enterradas. Por via das dúvidas, o jazigo onde se encontra sepultada a mãe do suspeito, foi alvo de inspecção por parte da Policia Judiciária por causa de uma pedra de mármore partida num dos cantos e suposta movimentação do tampo do jazigo em causa., mas não foi encontrada nenhuma pista.

De qualquer forma, a PJ avançou que durante a investigação que já decorre há mais de quatro meses, foram recolhidas provas com sustentação sólida que indicam que o suspeito é o autor do triplo homicídio e da ocultação dos corpos. O suspeito é acusado do crime de homicídio das três pessoas desaparecidas e do crime de ocultação de cadáver. A moldura penal aplicável ao primeiro crime vai entre os oito e os dezasseis anos de prisão. Neste caso, na minha opinião não estamos perante um caso de homicídio simples (art.131º CP), mas sim perante um caso de homicídio qualificado (art.132º CP) cuja moldura penal varia entre os doze e os vinte e cinco anos de prisão. A designação correcta do segundo crime é profanação de cadáver (art.254º CP) e é punido com pena de prisão até dois anos ou pena de multa até 240 dias.
Não se adivinha fácil a localização dos corpos das três pessoas desaparecidas como já admitiu a Policia Judiciária pelo facto do suspeito remeter-se ao silêncio e quando presta declarações, elas são muito contraditórias e de pouca veracidade.     

 Face ao término do prazo da prisão preventiva, o MP já deduziu a acusação e indiciou Francisco Leitão da prática de quatro crimes de homicidio, quatro crimes de ocultação de cadáver, um crime de falsificação de documentos e outro de detenção de arma proibida.
As pericias forenses de que foi alvo revelam Francisco Leitão como um assassino frio e sem escrupulos. 

Em curso, a Policia Judiciária está a investigar os alegados abusos sexuais ocorridos numa espécie de masmorra descoberta nas traseiras da casa do suspeito. Terão sido abusados vários jovens que estariam drogados.

Os peritos do Instituto Nacional de Medicina Legal já elaboraram o relatório com o perfil psicológico do alegado homicida. Segundo o relatório, Francisco Leitão é manipulador, frio, narcisista, anti-social, psicopata, emocionalmente instável e perturbado. A principal conclusão é que o suspeito é imputável, logo pode responder pelos crimes que alegadamente cometeu.




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